Amo os moralistas de todo o coração: acho-os uma ternurinha. Por exemplo, quando um político Ultra-Conservador diz que se preocupa muito com a defesa dos Valores da Família, ele está mesmo a dizer a verdade.
Ele não tem culpa que as pessoas não compreendam que está a falar dos Valores da sua Família: as propriedades, os títulos, as acções, as contas bancárias etc etc...
O mesmo se passa com os Moralistas que clamam contra a devassidão: eles odeiam sinceramente a promiscuidade sexual, sobretudo se for grátis, pois eles pagam (e muito) para acesso seguro a alguns programinhas do género.
E isto é injusto, pois a sexualidade quando nasce, devia ser para todos, como o sol (que não é igual para todos, mas faz de conta)!
Também adoro os do género Militarista, os que acham sempre mal que o inimigo tenha as mesmas armas (mas mais desactualizadas) que eles próprios se ufanam de ter.
E da sinceridade desses não há que duvidar quando censuram regimes Pré-Históricos por «esconderem» as suas armas em escolas e hospitais.
De facto, inimigo que se prezasse colocaria todo o arsenal em descampado para facilitar bombardeamentos com menos gasto de misseis (e calhando até menos danos colaterais !)
Ah e os moralistas futebolísticos? idolatro-os! não conheço nenhum que seja fanático e violento porque os fanáticos violentos são sempre os outros e, para o provarem, vai de desancar os filhos da "$#%" das claques adversárias, esses vândalos que, se os deixassem, faziam o mesmo que eles tanto gostam de fazer: partir tudo, quiçá até com menos eficácia!!!
Dos Moralistas Anti-vícios também gosto, sobretudo dos que clamam contra o fumo em ambientes fechados de dia e frequentam casinos e lupanares à noite.
Têm toda a razão, porque o fumo que são «obrigados» a respirar durante o dia lembra-lhes o dinheiro que esturricaram na última noite e todos temos direito ao sossego!
Amo também os que nunca bebem em público mas encharcam as velas em privado.
E admiro, é claro, os que preconizam pena de morte para os drogados mas tomam Prosac e outros químicos comprovadamente viciantes: toda a gente sabe que não é a mesma coisa porque, notoriamente, a marijuana não é comparticipada pelo Estado!
E os moralistas Sociais? um primor: alguns fizeram fortuna por meios mais que duvidosos (a propósito: conhecem alguém que tenha enriquecido trabalhando?) mas clamam contra os ladrões que seriam seus colegas de profissão excepto num pormenor: os verdadeiros, aqueles que se prezam, correm riscos, não gamam com a ajuda das leis , dos polícias e dos tribunais!
Outros fizeram um bom pé-de-meia no «estrangeiro» mas chegados cá, advogam a expulsão dos imigrantes: à coerência desses faço uma vénia, porque eles não são contra TODOS os emigrantes: só contra os que residem no País a que eles, ex-emigras, chamam seu!
Prezo muito esta gente toda porque eles são também todos muito flexíveis: Tanto podem querer mais como querer menos: Mais impostos para os outros, menos para si. Mais segurança para si, menos para os outros. Mais educação para os seus, menos para os dos outros. Mais repressão para os outros, menos para si-próprios: uma obra prima da Natureza, estes senhores e estas senhoras!
E a razão porque gosto assim tanto deles é só esta: graças a gente assim, chego-me a considerar uma pessoa IMPECÁVEL, alguém que, em comparação com eles (e só com eles, entenda-se) está prestes a adquirir o estatuto de canonizável!
(Nota: Depois de algum tempo de convivência com colaboradores deste blog, os meus artigos começam a tornar-se mais sarcásticos. Será o caso também deste. Que me perdoem os leitores que apreciavam o meu tom sério. vossa Lilith Lovelace!)
Cara Dr.ª Lilith: acho esta sua rúbrica muito pertinente e esclarecida (o sarcasmo pode ser uma arma socialmente útil, se bem utilizado).
ReplyDeleteQuanto ao seu tema de hoje, concordo em absoluto com a sua análise crítica e acho até que os falsos moralismos ditam as "regras" (!!!?) do jogo em sociedade e estão tão impregnados nas mentalidades que grande parte dos pais/mães/educadores os incutem na prole desde muito cedo. Em muitos casos estão até consignados nas leis que nos regem.
E vem de longe. como diz o adágio: "Quem bem prega Frei Tomás, faz como ele diz, não como ele faz".
...contra a hipocrisia, marchar, marchar!.
Abraços.