Ou sobre «fundos» laranjas
Podem bem debitar prosas
Que o País é dos «estranjas»
Dito isto, e estou bem certo
(E hão-de ver que não minto)
Que aí vem um grande aperto
(Que importa a cor do cinto?)
Celebra o pobre enganado
Sua própria escravidão
(Que triste é o som do fado
Que nem chega a ser canção!)
Ah, para vencer tanto enjôo
Deste optimismo demente
Hei-de ensaiar o meu vôo
Sob um céu de chumbo quente
Para conservar o juízo
(Que para isso tenha força)
Hei-de rasgar um sorriso
Diante da turba amorfa
E vou amar uma pedra
Pastorear vegetais
Pra bem medir como medra
A loucura dos demais
Pode ser que, magnânimo
Quando chegar a tormenta
Não diga, com outro ânimo
Escolheste, agora aguenta!
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