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Friday, July 8, 2011

CONSULTÓRIO DO SEXO: Pela Dra. M. Gustava de los Placeres y Morales

Lindões e lindonas: depois de uns dias de frescura estival, cá estou eu, nem sequer meia-bronzeada, apesar do meu muuuito ousado biquini (já estou a treinar, para quando nos levarem os trapinhos). Hoje vou-me debruçar sobre um graaande mal das sociedades hodiernas (Grande palavrão, hoje ainda não tinha dito nenhum): a dor de corno. 
Nesta primeira parte, vou apenas falar dos primeiros sintomas desta doença que, tal como as outras de que enfermam as senhoras sociedades, passa por três etapas distintas, a saber:
1) A fase da negação ou rejeição:  É aquela em que, apesar de todos os indícios, o corneado se recusa a encarar a realidade: Uma das partes vai «multiplicando» em escalada, as suas reuniões nocturnas, as suas horas extras de trabalho, o tempo em que se ausenta do lar. A outra parte sabe que ali há gato (ou gata, ou gatos, ou gatas, ou gatos e gatas tudo ao molho ) mas, convenientemente, impede-se de aprofundar o assunto. É uma fase facilmente identificável porque durante o tempo em que ela dura, os corneadores proferem frases como: «não se podem culpar os mercados» ou «a culpa desta dívida é colectiva, temos de assumi-la fazendo todos sacrifícios» ou ainda «o País tem de ser mais produtivo»!
2) A fase da ridicularização: incapaz de deter a torrente de provas que cada vez mais insistentemente apontam na direcção de várias traições consumadíssimas, o corneado apela à família para, pelo menos, garantir o apoio desta quando o processo de divórcio se consumar. Nesta fase o corneado adopta uma postura desportista para dar a entender que um dia (se tiver energia para tanto), vai reagir a esse assunto menor que é o facto de andar a ser corneado, para gáudio de uns tantos e desgosto de tantos outros. 
Nesta altura ele pronuncia frases como: «vai chegando a altura de a União Europeia criar mecanismos para contrariar o poder discricionário das agências de rating» ou « o que nos estão a fazer é indigno e não é inocente» ou, pérola das pérolas do corneado: «eu já cá ando há muitos anos, ouviste? ainda nem tu andavas nos tomates do teu Pai usurário e já eu roía castanhas (e calhando bolotas) ouviste, ò maricas?». Esta é a fase em que o corneado, apesar de ainda brincar com a sua condição, percebe que está a um passo de ter de reconhecer a sua desconfortável posição. É isso que ele vai fazer no passo três.
3) O Corneado aceita a sua posição e conforma-se com ela. Foge de discuti-la ou de ouvir mais sobre o assunto: interiorizou, sem margem para dúvidas, as suas culpas perante a situação, (não a situação de ter sido corneado mas de ter andado a sê-lo com seu pleno conhecimento e aceitação). Já pouca margem de manobra lhe resta: sabe que vai contar sempre com o apoio das tias moralistas mas para além disso, pouco há a esperar. O mal do corneado aliás, está sempre no esperar. Ele, por natureza, é sempre aquele que espera DEMAIS. 
Nesta fase, o corneado volta a esquecer o seu esboço de rebelião e volta a escrever cartas apaixonadas a quem o corneia, esperando, o pobre tonto, voltar a despertar, em alguém que não existe, um amor que nunca existiu. E será nesta altura que ele escreverá coisas como: «Meus amigos, estas são as regras do jogo: não vamos agora discutir se a nossa aposta foi ou não a melhor: vamos mas é concentrar-nos, dirigir as nossas energias todos para o mesmo lado, para que nos saia o número mágico. Preparados? todos juntos e energia positiva: AGORA!»

Para finalizar tão delicado assunto, deixo aqui bem claro que, se o corneado é o último a saber, não é porque seja o último a ter acesso aos factos mas apenas por não querer ver o que todos vêem. Aqui, a minha pobre ciência de sexóloga detém-se porque, amigas boazonas e amigalhaços de lamber os dedos,  entramos no domínio da fé! Que os Deuses guardem o nosso País, tão dado à Fé!

Até para a semana!

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Viseu, Beira Alta, Portugal
autor satírico, cartoonista pseudónimo de António Gil, Poeta e Ficcionista, Não sectário, Agnóstico, Adepto Feroz da LIberdade de Imprensa e de Opinião...

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