Um radioso dia para as meninas e para os meninos que se portaram bem, que os que se portaram mal já tiveram uma radiosa noite (ou nem por isso, mas tentaram).
Hoje vou falar de um assunto que para muitos ainda é tabú: ao contrário de alguém que conheço, não sou cara de pau, logo não preciso de passar a vida a esconder-me atrás dos ditos.
Falarei de pedofilia, tema em voga mas nem por isso devidamente esclarecido. Para começar, desmontemos a palavra: se pedo significa criança e filia amizade, o equívoco começa logo aqui. Não duvido que um pedófilo empedernido finja amizade para se aproximar das vítimas. O que me incomoda na palavra é tomar-se esta interesseira aparência por realidade: neste ponto os pedovioladores (devia ser esse o nome das criaturas) já estão a ganhar 1-0: é-lhes reconhecido uma nobreza de sentimentos que na verdade, não possuem. Porque um verdadeiro amigo de crianças não é, nem pode ser, pessoa malvada, pelo contrário: defender os mais fracos sempre será um sinal distintivo da verdadeira nobreza.
Uma criança, em princípio, confia sempre num adulto que lhe fale de forma maternal ou paternal. E mesmo que não confie, não tem estrutura física ou psicológica para recusar-lhe obediência por muito tempo (infelizmente também sobram adultos com estas características).
É por essa razão que um «pedófilo» não é apenas uma criatura hipócrita, dissimulada e profundamente perversa: é acima de tudo um cobarde da pior espécie. Porque se serve da frágil condição dos mais pequenos para enganar, amedrontar e por fim chantagear, transferindo a culpa para a vítima que muitas vezes nada sabia da perversão de alguns «crescidos».
Fá-lo de uma forma egoísta, nunca se angustiando com o sofrimento que provoca. O pior disto é que, não raro, os pedovioladores contam com uma misteriosa protecção policial, judicial e religiosa quando não mesmo legislativa. Alguns são apanhados e logo soltos com a complacência e/ou conivência das autoridades ditas competentes. Outros nem chegam a ser intimados, embora se saiba onde vivem e de quem abusam. Repetem-se tratamentos de excepção a esta ou àquela figura pública e até a um ou outro figurão desconhecido.
Tais repetições começam a acontecer em número demasiado elevado para poderem ainda ser encaradas como acidentais. Começa a ser minha convicção que somos todos súbditos de pedovioladores e que são eles que comandam o destino das Nações e do Mundo. Se não acreditas nisto, leitor, proponho-te o seguinte exercício: relê este texto substituindo as palavras pedófilo(s) ou pedoviolador (es) por político (s) e criança(s) por povo (s) verás como estas linhas continuam a fazer todo o sentido!
...muito interessante e ainda antes do final desta crónica já estava a fazer a dita transposição que curiosamente, mas não admirada, Drª Gustava acaba por fazer!! Uma verdade aqui narrada de forma esclarecedora e despojada de interesse senão o de alertar para deixarmos de ser:« todos súbditos de pedovioladores e que são eles que comandam o destino das Nações e do Mundo.» Obrigada Drª, vou partilhar!!
ReplyDeleteExcelente chicotada: directa e certeira. Deveria fazer (re)pensar sobre muitos dos comportamentos institucionais, da política à justiça.
ReplyDeleteMais um grande contributo da Dr.ª Gustava, sempre versátil e enérgica na arte de bem chicotear.
Uma análise excelente... o próprio termo pedófilo dá-lhes essa paternalidade das áreas de justiça e social (principalmente esta amedronta as vítimas). Sei por experiência própria e convivência com outras crianças violentadas o que a família pensa e age em situações desmascaradas... Assim vai este País e este Mundo que de cão não tem nada (os cães acabam por ser melhor tratados que os seres humanos, pois quando são violados, os seus donos protegem-nos "furiosamente")
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