Número de visitas da Blogosfrega

Tuesday, July 12, 2011

História Universal da cuskice

(continuação do resumo iniciado na última terça feira.)

A Cuskice baseia-se pois nesse sagrado e cristalino princípio que nos segreda que nada há que um ser humano saiba ou faça que outro ser humano não descubra e não partilhe com alguns que, por sua vez irão partilhar com outros, até que não haja cão nem gato que ignore o que deste ou daquela se diz!
Nesse sentido, ela está presente em tudo, como muito bem refere o Doutor Sá Bichão, estudioso da época contemporânea: « do mais insignificante pormenor ao mais significante pormaior, a Cuskice nasce, cresce e desenvolve-se tão naturalmente nas Sociedades Humanas, como as plantas tropicais (que são as que crescem mais rapidamente e com mais viço) nos países de clima quente e húmido. Duas pessoas bastam para que haja cuskice, mas a grande Cuskice só surge em sociedades mais numerosas e sofisticadas. Podemos sem receio afirmar que quanto maior for uma comunidade maior e mais complexos se tornam os mecanismos da Cuskice, com suas «fontes», seus «arautos» seus «comentadores» e seus simples basbaques, que ouvem, riem-se e vão à sua vidinha»
Todas as Ciências (mas sobretudo as ditas Humanas) dependem em exclusivo da cuskice, pois como diz a reputada economista Dolares Yen Librasyeuros, a tal «mão invisível do mercado» é afinal um « olho invisível» pois de outra forma, como saberia uma sociedade da suposta raridade de um produto, se não tivesse cuskado tudo e todos? e como se saberia de quantos oferecem produtos e de quantos os procuram, sem a indispensável espionagem? todas as leis do mercado assentam no pressuposto que toda a gente sabe de tudo, caso contrário ninguém aceitaria pagar o papel higiénico a certo preço, antes de ter verificado se, em todo o lado, não haveria quem produzisse tal artigo muuuito mais barato!
E se assim é na Economia, imagine-se agora na Psicologia, na Antropologia, na Sociologia e na própria História: retirem dessas ciências aquilo que for pura Cuskice e vão ver que sobra muito pouco. Algumas dessas ciências não avançam mesmo um passo, de forem  impedidas de fazer perguntas directas às pessoas, algumas delas feitas à má fila, quase encostando as vítimas à parede: «preenche-me este inquérito, senão....»
Ora se isto é assim, perguntará o habitual leitor desta minha tese, porque razão a cuskice então não é reconhecida como o grande motor do desenvolvimento humano? 
Bom, não chega a ser mistério: a humanidade tem um sentimento dúplice, senão mesmo esquisofrénico, relativamente à cuskice. Existe a boa cuskice (aquela que me informa sobre os outros, aquela que eu exerço para meu gáudio e edificação dos outros) e existe a má cuskice (a que outros usam para cobardemente atingir a minha sagrada imagem). Bom, todos somos assim, não tenhamos ilusões. Mas todos também pressentimos que, no fundo, no fundo, talvez não exista mesmo boa cuskice, nem mesmo a que serve para pôr cinco amigos na galhofa e que, aparentemente, não fere o visado ausente, desde que ele não venha a saber!
Donde, ciosamente, tratamos de apagar a Cuskice das nossas vidas, começando até por eliminá-la das partes mais nobres do conhecimento Humano. Agir desta forma tem indiscutíveis vantagens: nem nos lembramos das nossas lamentáveis cuskices e, como tal, podemos continuar a praticá-las impunemente enquanto, igualmente impunes, meneamos a cabeça em gesto reprovador perante a cuskice alheia!



(continua na próxima terça feira.)

1 comment:

  1. Pois, pois, eu cá andei a cusKar os escritos de Drª Glória e devo dizer que concordo inteiramente com a questão: « ... porque razão a cuskice então não é reconhecida como o grande motor do desenvolvimento humano?» Queiramos quer não passamos a vida a cuskar achando que "o saber não ocupa lugar"!! Um dia destes um iluminado ainda cria o MINISTÉRIO da CUSKICE e o associa ao da CULTURA!! Beijocas!!

    ReplyDelete

Mensagens populares

Blogosfrega

Followers

Blog Archive

About Me

My photo
Viseu, Beira Alta, Portugal
autor satírico, cartoonista pseudónimo de António Gil, Poeta e Ficcionista, Não sectário, Agnóstico, Adepto Feroz da LIberdade de Imprensa e de Opinião...

Labels