21- E se a Pátria doente convalesce
Sempre negando sua condição
Fugindo dos males de que padece
Orgulhosa de seu corpo malsão
Senta-se no sofá e adormece
Ligando ( sem ligar ) à televisão:
Os dias vão sendo tão cansativos
Que de noite já só restam mortos-vivos
22 - Decerto não por falta de diagnose
Se bem que uns esquecessem da receita
Outros olvidassem a recta dose
E uns terceiros, sabendo da maleita
Cuidassem que absorviam por osmose
A substância activa certa e perfeita
E assim um corpo bem debilitado
Vive ainda, optimista e esperançado
23 - ( Num lento mas esforçado suicídio
Indústrias, pescas e agriculturas
A troco de corrupto subsídio
Abatidas, como ignóbeis criaturas:
A quem trará ainda alívio
A hipoteca das décadas futuras
De uma Nação que, para minha surpresa
Por descuido se fez apetecível presa...)
24 - Sem anti-corpos, o corpo Nacional
Já por cima dele, aves de agouro
Descrevem círculos, esperam o sinal
Que uma vida em débito e desdouro
Sempre emite no instante terminal
Já os credores lhe disputam o tesouro
E os herdeiros, sem projecto ou rumo
recusam-se a ver os sinais de fumo
«os Razíadas» têm vindo a ser publicados neste blog desde o canto primeiro, por norma às quartas feiras (houve uma ou outra excepção).
E à indústria, pescas e agricultura seguir-se-á (assim parece) a Cultura... arrogando-se agora alguns dos responsáveis pelo seu vilipêndio como seus defensores... Oh, hipocrisia!...
ReplyDeleteChôôô passarada! Malditos abutres!...