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Wednesday, July 27, 2011

OS «RAZÍADAS» por Luís Vaz de Cá (Mões, Beira Alta) Canto quarto, Estr. 21 a 24



21- E se a Pátria doente convalesce
Sempre negando sua condição
Fugindo dos males de que padece
Orgulhosa de seu corpo malsão
Senta-se no sofá e adormece
Ligando ( sem ligar ) à televisão:
Os dias vão sendo tão cansativos
Que de noite já só restam mortos-vivos


22 - Decerto não por falta de diagnose
Se bem que uns esquecessem da receita 
Outros olvidassem a recta dose
E uns terceiros, sabendo da maleita
Cuidassem que absorviam por osmose
A substância activa certa e perfeita
E assim um corpo bem debilitado
Vive ainda, optimista e esperançado


23 - ( Num lento mas esforçado suicídio
Indústrias, pescas e agriculturas
A troco de corrupto subsídio
Abatidas, como ignóbeis criaturas:
A quem trará ainda alívio
A hipoteca das décadas futuras
De uma Nação que, para minha surpresa
Por descuido se fez apetecível presa...)


24 - Sem anti-corpos, o corpo Nacional
Já por cima dele,  aves de agouro
Descrevem círculos, esperam o sinal
Que uma vida em débito e desdouro
Sempre emite no instante terminal
Já os credores lhe disputam o tesouro
E os herdeiros, sem projecto ou rumo
recusam-se a ver os sinais de fumo            

«os Razíadas» têm vindo a ser publicados neste blog desde o canto primeiro, por norma às quartas feiras (houve uma ou outra excepção).

1 comment:

  1. E à indústria, pescas e agricultura seguir-se-á (assim parece) a Cultura... arrogando-se agora alguns dos responsáveis pelo seu vilipêndio como seus defensores... Oh, hipocrisia!...
    Chôôô passarada! Malditos abutres!...

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Viseu, Beira Alta, Portugal
autor satírico, cartoonista pseudónimo de António Gil, Poeta e Ficcionista, Não sectário, Agnóstico, Adepto Feroz da LIberdade de Imprensa e de Opinião...

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