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Wednesday, December 15, 2010

As Piadas do Cara-de-pau




Não sei que diabo (ou assessor que é quase a mesma coisa) se lembrou de pôr o Soba da nação tuga a tentar ser engraçado. Por muito menos já foram mortos, após aturadas torturas, muitos conselheiros extremosos de respeitáveis soberanos. Há certas coisas que são contra-natura: uma pedra ser arremessada ao ar e não descer, a água correr para o topo das montanhas, o fogo provocar frio, fazer o Cara-de-pau sorrir sem parecer que está a esganar-se. E se já o seu sorriso é improvável, imaginem agora a dificuldade de pô-lo a fazer rir os portugueses (refiro-me aos que não têm de lhe arreganhar a taxa para comer ). 
Se Einstein tivesse vivido tempo suficiente, teria provado, com equações e fórmulas matemáticas, certas impossibilidades físicas aplicáveis a todos os universos, como a de se poder ser Cara-de-Pau e conseguir rir ou fazer rir alguém.
Comer mal, dormir pior, trabalhar como um escravo são tudo coisas a que, em certo grau, todos nos habituámos. Ter que ouvir piadas ditas pelo Cara de Pau é sofrimento que integra outra dimensão de coisas, porque há limites para as torturas que um pobre cidadão pode suportar. Já vi maior bonomia em certas múmias do que na face crispada da pobre criatura enquanto pronunciava sílaba a sílaba, a anedota que o fizeram decorar. O seu riso gutural, no final da piada faria gelar de repulsa o próprio Drácula. Esperemos que este tipo de episódio não se repita. Se ele já era insuportável quando dizia, com ar sério, que tudo corria pelo melhor, como o aguentaríamos se começasse a rir-se, agora, estando à mostra o lindo serviço que ele com tanto gosto andou a fazer e a ajudar a fazer?

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Viseu, Beira Alta, Portugal
autor satírico, cartoonista pseudónimo de António Gil, Poeta e Ficcionista, Não sectário, Agnóstico, Adepto Feroz da LIberdade de Imprensa e de Opinião...

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