porque eu não sabia, não sabia
eu não sabia que já não estavas entre nós
e que escolheste partir
sem um aviso, um queixume, uma acusação
Oh mas eu sei, sei
eu sei que eras demasiado digno e generoso
para aceitares esta desumanidade
que não te soube merecer porque já não te merecesse
ou porque talvez nunca te tenha merecido
Amanheceu como se em mim anoitecesse
e eu aqui, prostrado de silêncio e de trevas
surdo para o chilrear das aves
cego para o ressalto da chuva nos beirais e nas folhas
insensível para o frio que me eriça a pele
Já não ouço nada, já não vejo nada, já não sinto nada
senão este horrível vazio
de todas as manhãs que até ao fim dos tempos
hão-de chegar sem ti
(sentidos pesâmes para todos quantos o conheceram e amaram)
Em cima: foto retirada do seu perfil, no Facebook. Em baixo: do Album Portugal e foto retirada do mesmo perfil (trabalhos de Sérgio Carvalho)
Em cima: foto retirada do seu perfil, no Facebook. Em baixo: do Album Portugal e foto retirada do mesmo perfil (trabalhos de Sérgio Carvalho)
Não conheci mas pelas expressões de quem cá ficou é um Português com coração na sua Pátria.Pelos ditos sinto nostalgia por não o ter conhecido! Respeito e talvez uma revolta por uma nação ter ficado sem um filho seu. As minhas melhores homenagens a todos os seus amigos e família!
ReplyDeleteObrigado pelas palavras e pelos sentimentos pelo meu irmão. Chorei a ler o que escreveu, chorei porque sei que o Sérgio "eras demasiado digno e generoso para aceitares esta desumanidade
ReplyDeleteque não te soube merecer porque já não te merecesse ou porque talvez nunca te tenha merecido"
Obrigado pelo carinho e amizade pelo meu irmão.
Joaquim, a emoção sincera que transparece das suas elucidativas e precisas palavras, na perplexidade dolorosa que demonstram, acrescentam imenso a todas as homenagens sentidas que têm sido prestadas ao Sérgio.
ReplyDeleteUm claro e, ao mesmo tempo sombrio e magoado epitáfio. Infelizmente necessário, infelizmente tão apropriado para esta irremediável realidade.
Para os que, como eu, conheceram o Sérgio há quase 30 anos (um miúdo extraordinário) e nunca o esqueceram - ou esquecerão - mesmo durante esse longo hiato, tendo-o ... quase... reencontrado há bem pouco tempo, a sua homenagem acrescenta algo de muito concreto ao que tenho vindo a conhecer do seu percurso, o que muito lhe agradeço.
Um abraço, de longe, em nome de um amigo comum que conheceu bem melhor que eu... que tenho a ingrata "vantagem" de o recordar feliz e cheio de ânsia de viver, na sua pré-Primavera.
Obrigado.
Paulo Meleiro
Portland, Oregon