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Sunday, August 28, 2011

EVANGELHO SEGUNDO S. METEUROS: A INFÂNCIA de GIZAS CRISIS (G.C. prós amigos)

Naqueles tempos, vivendo o Reino Jádeu em sérias dificuldades, o Rei Erodes resolveu taxar todos os bens, depois de ter andado anos a fio a taxar só os pobrezinhos. Informado disso por um Anjo (assim se chamava o seu contacto no Mistério das Finanças), Jesó assim falou a Miraia:

- Mulher: trata de fazer as malas que eu vou ao banco transferir tudinho para um off-shore. Como aqui não deixo nem um tusto, temos de ir viver para lá, não vá também o Erodes deitar-me a unha por causa disto. Como lá devemos ficar sete anitos, vou precisar de pelo menos sete pares de peúgas e sete cuecas, que eu não sou obcecado pela limpeza mas também não quero cheirar pior que os outros...
E assim fizeram: em menos de meia-dúzia de horas, Miraia, Jesó e o pequeno G.C. estavam dali para fora.
Ah! levavam com eles um burro, por sinal chamado Polivalente pois fazia de tudo: cozinhava, dava o biberão ao crianço, mudava-lhe as fraldas, lavava a roupa, carregava com qualquer deles às costas, ajudava-os a sentar e muito mais coisas e fazia tudo isso sem salário e sem direito a vínculo, sem segurança social, sem qualquer direito!

*

A família passou uns anitos no Dáguito, paraíso fiscal de alguma alta finança, até que o mesmo Anjo mandou um email a Jesó dizendo: «podes vir pah: o Erodes já era! agora temos outro Erodes (falta de originalidade, a de quem dá os nomes aos nossos Reis) mas este protege os escroques como tu!»
E Jesó, que nunca se tinha adaptado àquela vida descansada mas inactiva e já começava a ter saudades dos seus negócios duvidosos, nem para trás olhou: é que no raio daquele País havia muita gente a querer «enrolar» os outros e eram muito poucos os outros que ainda se podiam enrolar!!!

*

Instalado com respectiva família numa santa terrinha de nome Razané, desde cedo o garoto deu nas vistas por opinar sobre tudo e sobre todos com a autoridade de quem reduz o mundo a uma monolítica visão baseada na economia. 
É assim que, com a idade de doze anos, o vamos encontrar entre accionistas, empresários, economistas e outros Místicos da Religião do Mercado. Bom, na verdade quem o vai encontrar é a sua Mãe, que já o procurava aflitinha por tudo o que era recanto:

- Ah estás aqui, ò grande maroto! e eu a imaginar os piores filmes sobre o que poderia ter-te sucedido!
-Ora Mã, tenha calma - responde impertubável o garoto - que mal me podia acontecer?
-Sei lá: caíres a um poço, seres atropelado por um carro de bois, seres crucificado...pode acontecer tanta coisa!
- Ufff! só isso, Mã? cheguei a ter medo: pensei logo em coisas como ser roubado, ir à falência, ver os meus bens rematados em leilão ou, ainda pior: descobrirem que eu tenho «inside information» que me permite saber quais as empresas que estão a «dar» e quais as que se vão afundar antes que o Aminejhad, que é o Diabo, pisque um de seus olhinhos pequeninos, tique aliás nele muito frequente! 
Os Doutores da Lei (isto é, a malta do carcanhol) muito se maravilharam por ver tal precocidade naquele fedelho que ainda nem acne tinha na cara: 'quem é este repolho que sabe mais destas coisas que o Grão Mestre da Nossa Ordem Oculta?'  perguntavam-se entre si! 
Perguntavam-se mas não tiveram resposta porque o G.C. já ia dali para fora, levado pelo braço pela mãe.
E este é o único episódio que se conhece dos tenros anos do Mexias, ou Profeta das Massas (as que sabemos). 
A partir daqui, vamos encontrá-lo já adulto mas sempre fazendo «milagres». E cada milagre...


(continua no próximo Domingo)


1 comment:

  1. Interessante alegoria.
    Entretanto, umas espécies de burros entraram em risco de extinção, mas outros bem pelo contrário (cada vez mais poli que valentes)...
    Pelo gizar, este evangelho promete agitar e aquecer as massas...

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Viseu, Beira Alta, Portugal
autor satírico, cartoonista pseudónimo de António Gil, Poeta e Ficcionista, Não sectário, Agnóstico, Adepto Feroz da LIberdade de Imprensa e de Opinião...

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