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Tuesday, August 23, 2011

História Universal da Cuskice pela Dra. G.A.G.A.

Joaquim Silva: - Dra Glória, continuando a nossa interessante conversa: falámos da mulher e do homem mais cuskados da História humana (Cleópatra e Alexandre o Grande, ver episódios anteriores, publicados às Terças feiras). Falemos agora do (e da) mais cusco de sempre. Quem foram, na sua opinião?

Glória d'Anais de Guerra e Antas: quanto à mulher fala-se de Pandora e de Eva, ou seja, da própria Mãe da Humanidade, cuja cuskice nos condenou às coisas que sabemos. Quanto ao homem fala-se de Prometeu, de Sísifo, de Adão, ou seja: há mais candidatos à nossa paternidade, enquanto espécie, o que nos dá uma ideia sobre de quem somos filhos. 
Mas estas entidades são míticas, carecem de provas reais de existência. Já gente como Salomé, por exemplo, parece que existiu mesmo e que além de grande cuska e de menina mimada, sentia grande atracção por marginais. Ao que tudo indica, um dos seus hábitos era visitar os prisioneiros nas masmorras de seu Titio, um tal de Herodes Antipas. 
Aqueles torsos nús e suados dos prisioneiros fascinavam-na, farta como andava dos cortesãos efeminados do papá. Perdia de tal forma a cabeça que se esquecia da sua condição de Princesa e lhes pedia beijos e outras malandrices, enquanto tentava informar-se das acções que os tinham levado à condenação.  
Agradava-lhe vê-los arfar de desejo, privados como eles estavam, de qualquer contacto humano. Só os olhos febris deles no escuro, bastavam para a excitar. 
Ora um dia, cuskando a menina no Átrio dos Carcereiros, soube que um tal de Baptista fora apanhado a chamar nomes muito feios à sua mamã, só porque ela traiu o seu papá, um tal de Herodes Filipe, para se amigar com o titio, Herodes Antipas, Rei da Judeia, como se a mamã não tivesse o direito de procurar um melhor partido para si e um melhor futuro para ela, sua filha, vejam lá! 
Essa figura hirsuta fascinava a garina que estava naquela fase juvenil em que os garotos usam serpentes, caveiras, correntes, punhais, morcegos e teias de aranha, para melhor demarcarem a sua individualidade dos totós que usam corações, símbolos da Paz e arco-íris. Habituada como estava a ser obedecida, logo arranjou maneira de ser conduzida ao seu calabouço e de ser deixada a sós com o eremita. O resto da história é conhecido: tendo levado a primeira tampa da sua vida, ficou de tal forma furiosa que pediu a cabeça do Profeta depois de uma dança que o titio aplaudiu com entusiasmo.
E assim, pode dizer-se que João Baptista foi vítima de um coktail de cuskices: começando pela sua própria (tinha alguma coisa que publicamente falar da vida alheia, chamando nomes feios à senhora Herodíade?) continuando na cuskice de Salomé (que estava curiosíssima de conhecer o gang do marginal) e terminando na cuskice do próprio Herodes Antipas, mortinho que estava de conhecer os mais secretos desejos da sobrinha!
No fim, creio que todos saíram algo decepcionados disto tudo: João Baptista deve ter amaldiçoado a hora em que falou em voz alta do que todos tinham por hábito sussurrar, que poucos são assim tão tolos a ponto de desafiar o destino. Salomé, arrependeu-se de ter pedido aquela cabeça piolhosa num prato: mais valia ter pedido um harém de escravos que ela escolhesse a dedo, segundo os seus gostos e critérios pessoais. Sempre podia estar com eles no seu próprio Palácio, sem ter de suportar o cheiro nojento das masmorras. E Herodes Antipas percebeu que já lá ia o tempo em que as meninas, quando ele se oferecia, agarravam a oportunidade com as duas mãos, a boca e o que mais tivessem para o «prender»!...

J.S.- Muito estranha toda essa história mas de facto é mais ou menos assim que ela nos chega narrada. Daqui se depreende, Dra. Glória que nem sempre a cuskice traz bons resultados...

Dra.GAGA- Claro que não, Joaquim: existe algo, neste mundo, que não tenha de acabar mal? a Cuskice pode dar algum prazer momentâneo ao indivíduo A ou B, mas no fim será sempre prejudicial ao alfabeto inteiro! Porque a sua maior glória (a da cuskice) é destruir o que ajudou a construir. Pela cuskice se constroem os mitos e pela cuskice se destroem os heróis que esses mitos pareciam perpetuar. Há quem viva desse duplo movimento: as revistas e outro material de fofoquice: erguem, à custa de intermináveis cuskices, os mitos que os leitores querem idolatrar. Quando pressentem que a personagem já não «rende», descobrem-lhe a careca e derrubam-na. Assim ganham das duas vezes: ao construir o mito e ao destruí-lo!!!

1 comment:

  1. Dr.ª GAGA, ler esta narrativa suscita-me uma expressão: Há 2 coisas a que um homem nunca foge: o amor de uma mulher e ainda não cuskei nada hoje. (o género masculino aqui dá jeito, pois na expressão de origem, "bebi" está no lugar de "cuskei"). Eh, eh, eh, eh...

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Viseu, Beira Alta, Portugal
autor satírico, cartoonista pseudónimo de António Gil, Poeta e Ficcionista, Não sectário, Agnóstico, Adepto Feroz da LIberdade de Imprensa e de Opinião...

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