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Saturday, January 22, 2011

os Tabús do Soba



   Do muito que já se disse e escreveu, neste bantustão, sobre a personalidade do Soba Sovaco Cilva, a opinião que mais me diverte é a que refere a sua competência tecnocratica. Este homem que nos via no pelotão da frente da Europa estava então no pelotão da frente dos que traçaram o rumo do País. E dizia-se que percebia de economia. Imaginem como seria se não percebesse!.
   O senhor Barracuda, marido da mesma dona Guidinha que inspirou este blog, nunca cursou economia mas é um competente merceeiro, pois jamais empresta, fia ou passa um cheque sem exigir garantias e tomar nota dos números envolvidos. O mesmo não se pode dizer do doutor Sovaco, que não guardou um único papelito dos dinheiros que andou a distribuir.
   Embora ele hoje se diga avesso aos subsídeodependentes, no seu tempo «outorgou», generosa e alegremente, a fundo perdido, uns tantos milhões a uma inominável clique de criaturas que tratou logo de se aboletar com casa e carro próprio. Há, nas saudades que muitos têm desse tempo, o perfume desse dinheiro «ganho» sem esforço nem mérito.
   Foi durante o seu reinado absoluto que o país se começou a transformar num imenso bordel à disposição dos barões laranjas, rosas, pepês e até arrependidos de extrema esquerda A culpa não terá sido inteiramente sua, dirão os idiotas inúteis. Estarão a perder tempo porque eu nunca quis atribuir a Sovaco a exclusividade da culpa; apenas a esmagadora parte dela.
  Prova definitiva que o doutor Sovaco nunca deveria ter ocupado lugares de responsabilidade no aparelho do estado é a sua persistente necessidade de se esconder atrás de um silêncio que ele chama de Tabú. O que levará um homem que já é avô e que já leva uma década de século vinte e um, a falar de tabús?.
  De certa forma, acreditar em tabús é hoje mais desprestigiante do que acreditar no Pai Natal ou no Coelhinho da Páscoa que, enfim, sempre fazem parte de um imaginário infantilóide mas modernaço.
  É claro que cada um pode acreditar no que bem entende, mas todos sabemos que convém não falar muito disso em público, porque as pessoas gozam. Ora a palavra tabú, presta-se a muita gozação, porque rima com palavras engraçadas como baú, cajú, chuchu e até Marilu.   Mas também é fácil confundir Tabu com perfume rasca.
  E acima de tudo mostra nula sofisticação intelectual posto que tabús são característicos de sociedades que atravessam ainda a Idade do calhau mal polido ou, para as civilizações que não conheciam o uso da pedra, a Idade do cavaco mal esgalhado. 

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Viseu, Beira Alta, Portugal
autor satírico, cartoonista pseudónimo de António Gil, Poeta e Ficcionista, Não sectário, Agnóstico, Adepto Feroz da LIberdade de Imprensa e de Opinião...

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