Alguns militares da brigada do reumático não se cansam de dizer que foi graças a eles que se instaurou, em Portugal, um regime democrático. Não nos dão grande novidade, porque, de certa forma, a eles se deve também a ditadura, a República, a Restauração e a Independência do Reino (com a ajuda dos outros, dos que não contam).
Mas no lugar deles, em vez de me gabar disso, ficaria caladinho pois estamos sempre a tempo de lhes pedir contas da merda dos regimes que nos andam a impor, desde o tempo dos afonsinhos.
E quanto ao vinte e cinco de Abril...bem, aquilo nem foi bem uma revolução, pois não? Se usássemos a mesma metáfora do parágrafo posterior (isto é um texto interactivo, já prevê o que será escrito a seguir), teríamos de acrescentar que o povo, aqui, foi uma espécie de penetra de uma festa em relação à qual, aliás, tinha recebido indicações expressas de nem se aproximar. Só que os militares golpistas cometeram um erro terrível: noticiaram a coisa na rádio. O povão ficou logo a saber que havia festa e não quis perder pitada. Enquanto a festa durou, como dizia o Chico que tem de Holanda no apelido, foi bonita. Depois veio a conta. E a conta, meus amigos, ainda hoje andamos a pagá-la.
Pessoalmente, nunca fui grande adepto das revoluções que são um pouco como as festas da estudantada: muito barulho, muita confusão e, no fim, há sempre muita sujeira que ninguém quer limpar. Prefiro os verdadeiros golpes de estado, os clássicos e canónicos que terminam com a velha classe dirigente encostada à parede. Mas, como sou um verdadeiro democrata e sei que muita gente se opõe ao derramamento de glóbulos vermelhos, também não me importo se, em vez de fuzilados, os actuais cleptocratas forem simplesmente afogados nas Estações de Tratamento de Águas Residuais, para preservação de rios, lagos e mares.
A vantagem dos golpes de estado relativamente às revoluções não se limita às tradicionais questões de higiene. Um golpe de estado bem organizado, se for levado até às últimas consequências, dispensa populaça nas ruas, reuniões partidárias e outras palhaçadas folclóricas do mesmo jaez.
Vantagem adicional: resolve, sem comités, votações e outras farsas, que o maduro que fica no poder é mesmo o mais mauzão. Porque efectivamente, só um tipo pior que os mauzões todos juntos pode castigá-los como (nós, oprimidos) sabemos que eles merecem. Claro que depois também é necessário tratar do grande mauzão mas não se pode querer tudo de uma vez. Ou pode?...
...poder...até podíamos, mas não era BEM a coisa! O Mauzão virava a Glutão e não lavava a roupa suja dos cleptocratas...!!!
ReplyDeleteAs nódoas devem ser tiradas selectivamente para não deixar marcas!!
"Alguns militares da brigada do reumático não se cansam de dizer que foi graças a eles que se instaurou, em Portugal, um regime democrático. Não nos dão grande novidade, porque, de certa forma, a eles se deve também a ditadura, a República, a Restauração e a Independência do Reino (com a ajuda dos outros, dos que não contam)." Joaquim gostei e muitooooo de todo o texto, mas este parágrafo sem dúvida que.... me diz muitoooo a brigada do reumático, que só fala de "parangonas" que confunde com palavras/conceitos que têm conteúdo préviamente definido..... como tal.... vazios "reumáticos" mas não inconsequentes... Abraço....
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