Mesmo que eu fosse boçal
E parecesse mau moço
Levaria sempre a mal
Que me gamassem o almoço
já chega desta rambóia
Vai toda a gente almoçar
Qu'é feito da minha «bóia»?
Acabam de m'a gamar!
Chega a hora de lanchar:
Já quase a trincar o pão
sinto violento puxar
arrancar-mo, por esticão
Já só falta que ao jantar
venham de arma na mão
roubar-me, sem disfarçar
mais uma pobre refeição

Põe-te fino ò António
se queres meter algo à boca
que anda aí um demónio
com uma larica louca
Põe-te fino, põe-te em guarda
Que uma tão imensa fome
Se te aquietas, não tarda
Até a ti te consome...
Se queres o teu pão diário
Não te comovam «canções»
Ou não vês, no teu salário
Que descontas pra ladrões?
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