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Sunday, May 15, 2011

O Livro de Jemerias & Sócios

Resumo e contextualização: Daniel, jovem escravo do povo dos Abreus, conseguiu escapar a ser comido pelos leões, por Ordem de Nabuco Imperador dos Gabalónios. Na base desta condenação esteve a interpretação que o jovem Profeta fez de um sonho do Rei dos Reis: o sonho do Gigante com cabeça de ouro e pila de barro...(ver episódios anteriores)


Tendo escapado à morte graças ao seu talento para contar estórias da carochinha, Daniel decidiu não abusar da sorte e retirou-se para lugar secreto. Receava que alguém o pudesse reconhecer e portanto tornou-se eremita. Alimentava-se de mel silvestre e de gafanhotos. Para não ter de ir a lugares públicos fazer compras? sim, claro mas também porque era forreta, o moço! assim viveu durante cinco anos e mais tempo ainda viveria dessa forma se não tivesse tido inesperadas notícias do Imperador.
Com efeito, Nabuco adoecera com gravidade. Desmoralizado pelas histórias que as concumbinas espalhavam a respeito dos seus diminutos dotes viris, um dia (foi mais numa noite, mas isto é preciosismo) aceitou deixar-se massajar com um azeite que um charlatão lhe impingiu como milagroso. A partir daí, nunca mais foi o mesmo homem, mesmo considerando que como homem já deixava muito a desejar (expressão que as concumbinas usavam com frequência). 
Como ninguém conseguia tratar o Imperador da insólita doença (tremia como se estivesse atacado por febre mas a sua testa tinha a temperatura de um bloco de gelo), os seus ministros mandaram anunciar por todo o Império uma fabulosa recompensa para quem devolvesse a saúde ao Autocrata. DDaniel viu nisto uma oportunidade para regressar à vida social, pela porta grande, pela porta maior, na verdade, que era a do Palácio Imperial. Como deixara crescer as barbas e as temperaturas desérticas lhe encarquilharam o rosto de rugas tornara-se quase tão irreconhecível como um político no dia seguinte a uma importante vitória eleitoral. Graças a issdo, pô de regressar a Gabalónia onde conseguiu (graças a uma cunha) marcar entrevista com o Ministro da Saúde do Imperador. Foi recebido num dia certo dia um de Abril, na esplêndida sala do Trono, agora esvaziada da Imperial presença. Este foi o diálogo que travaram, sob o olhar desconfiado dos tigres Imperiais.

- Salvé Ministro da Saíde de sua Altesa Imperial...grato por me terdes recebido e por vos saber tão dedicado ao Sublime Nabuco, nosso muito queri...
- Chega de conversa fiada: tens ou não o remédio para o nosso Soberano? se tens, deixa-o aí e baz. Se não tens vais-te arrepender de me teres feito perder tempo. Sabes quantos tenho em lista de espera?
- Lista de espera? refere-se a outros doentes?
- Não idiota! se eu me preocupasse com outros doentes achas que teria mandado encerrar hospitais públicos? e mesmo a saúde do Imperador só me preocupa porque se ele esticar o pernil, o Imperador que aí vier vai fazer uma remodulaçãoe lá perco eu o lugar. 
- Mas sois insubstituível, senhor ministro! porque achais que um novo Imperador vos substituiria? e que lista de espera é essa, então?
- Ora, palerma, os novos despedem sempre os dos Governos anteriores: é escandaloso tento amiguismo. Bom a lista de espera é a dos curandeiros privados que se oferecem para curar o Nabuco à custa de dinheiros públicos! julgarão que isto é da Joana ou quê? não chegámos ainda ao ponto de corrupção de certos países onde há parcerias público privadas!
- Bom, Senhor Ministro: eu tenho aqui um elixir fantástico, mas só funciona se for eu a administrá-lo...
- Ah ah ah. Achas que engulo essa, ò palhaço? isso é o que diz o Ministro do Tesouro para que lhe ponhm as chaves das Salas dos Impostos e Saques. E nem mesmo o povinho analfabeto ignora o que ele quer com isso!...
- Mas é verdade, senhor, porque este elixir não funciona só por si: é preciso pronunciar uma fórmulas secretas que activem o seu efeito e...
- Passa para cá o elixir. Se funcionar sais daqui tão teso e miserável como entraste mas vivinho da silva. Se falhares (gesto com o indicador deslizando à frente do pescoço)...
- Mas tu prometeste uma recompensa ò venerável ministro...que me dava um jeitaço, por sinal...
- Ih ih ih: e tu acreditas em promessas de ministros? e no velho barbudo que traz prendinhas às crianças, também acreditas? oh pá, vê lá se abres os olhos.Agora se tens amor à tua boa saúde passa-me isso para cá!
Sem outro remédio, Daniel colocou o frasquinho do putativo remédio nas mãos do Ministro que logo começou a correr para os aposentos Imperiais
-Espera: osse óleo não é para aplicar no nosso Imperial Paciente...-gritou DDaniel desesperado
- Ai não? então, ò parolo barbudo, diz lá como se faz....
- Este óleo é só para tirares o gosto da língua depois de teres feito o que é preciso para curar o nosso Imperador...
- E que coisa seria essa, ò empaliador. Queres ser empalado ou vais desembuchar?
- Tens de lamber as duas botas de Nabuco. Sabes? aquelas que ele usa nas suas caminhadas.
. ARRRRG...que nojo!!! achas que eu vou fazer isso, ò cromo? logo com as botas que cheiram pior de todas as que ele usa?
- Mas não vês, ò Ministro? o Imperador sofre de um grave problema de auto-estima. Se alguém lhe lamber as botas à sua frente, ele vai sentir-se adorado de novo e recupera o gosto pela vida!...

- Hummmm. Se assim for, considera-te candidato a lamber-lhe as botas. Vai ser giro de ver a cara que fazes, eh eh eh. Anda daí ò Palhaço!...

  E lá foi Daniel cumprir a sua ingrata missão. Para surpresa de muitos, o Imperador riu-se tanto da cara que Daniel fez ao lamber-lhe as botas que curou-se mesmo. E depois de curado, ficou grato muito a Daniel nomeando-o logo Ministro dsa Saúde Imperial. Então e o outro Ministro, perguntará o leitor que é um grande coscuvilheiro e adora saber de todos estes pormenores. 

Bom, o outro teve azar porque Nabuco soube da história toda e exigiu a sua cabeça. E em lugar de indeminizações, transferências para o sector privado, ou outras modernicas inexplicáveis, cortou-lha mesmo, por se ter recusado a lamber-lhe as botas.

Desde aí, não há Ministro, Secretário de Estado ou outros ocupantes de cargos de Nomeação Imperial que se recuse a lamber as botas ao Chefão, com receio que um 
qualquer outro
lambe-botas espertalhão lhes roube o lugar...

(Continua no próximo Domingo)


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Viseu, Beira Alta, Portugal
autor satírico, cartoonista pseudónimo de António Gil, Poeta e Ficcionista, Não sectário, Agnóstico, Adepto Feroz da LIberdade de Imprensa e de Opinião...

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