Muitos - que Deus o quis, e permitiu
Da Pátria, que sua obra apequena
Da forma que se vê e que se viu
-Aonde a justiça que não condena
Agora que toda a esperança ruiu?

É só sobre o poder desta morfina
28 - Que só os peitos fortes enfraquece):
A inveja, esse rancor desatinado
Que toma o que é pelo que parece
E que com tal olhar transtornado
Da humanidade a fé escurece
Despertando o egoísmo aficcionado
(E tu também, velho vate, o sentiste
Tão invisíveis os mundos que tu viste)
29 - Mas quem pode livrar-se, por candura
Dos laços que se armam tenazmente
Entre rosas, laranjas, e obscura
Aliança só em parte transparente
Quem, de uma peregrina formosura
Fingiria assim a ruptura permanente
Quem um ao outro teria tão bem preso
Na fogo de um poder tão bem aceso?
30 - Quem viu o olhar seguro, de farsante
Da sôfrega e famélica Excelência
Tocando sempre as almas pra diante
-E ai de quem ofereça resistência-
Descansado, por certo estará quando
Já possuidor d'outra experiência
Decretar, dando curso à livre fantasia
Que no fim há-se ser, como ele queria!
(Fim do canto terceiro, continua na próxima semana)
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