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Sunday, February 6, 2011

G€N€SIS: A NOVA VER$ÃO (continuação)

4-  Para inaugurar o seu complexo turístico «O Paraíso» sem a indesejável presença dos trabalhadores que o construíram, o Deus Capital expulsou-os para Leste, deixando de guarda dois gorilas com armas de mira telescópica. Adamina e Ivan viveram algum tempo de relativa liberdade, apesar de alguma penúria. Como nem suspeitavam da existência de contraceptivos tiveram um rancho de filhos e as correspondentes arrelias, como por este episódio poderão imaginar:
   
Sete rapazes entre os catorze e os dois anos e sete raparigas entre os doze e os quatro. Parecem todos brincar à cabra cega, e efectivamente, há um garoto algo desgrenhado de punho no ar que tenta apanhar os outros...
- ah, se caço o tipo que me arrancou os olhos...
-...eu ‘izia-te se ‘u e ‘issesses ‘em me ‘ortou a ‘onta da ‘íngua...- respondeu um que estava bem escondido...
- diz tu primeiro que eu digo-te quem te cortou a ponta da língua...
- O ‘aim: foi o ‘aim que te a’ancou os olhos para ‘azer ‘ois ‘erlindes. A’ora iz-me: em me ortou a onta da íngua?
- Ah, a tua língua foi o lanche do Tarek, o nosso gato persa- disse muito orgulhosa Ebenmá.
Nisto aparece Adamina, furiosa com a garotada:
- Que é que se passa aqui?
- Mamã, o Caim arrancou-me os olhos.-queixou-se Jacomias
-E o Benfatias cortou a ponta da língua ao Fífias.- acusou logo Abébias.
-O quê? Pergunta a Mãe furiosa- Benfatias! Onde puseste a ponta da Língua de cortaste ao teu irmão??
- a Ebenmá deu-de lanche ao Gato – disseram os outros
-A sério? E ele, gostou?
- Lambeu-se todo- disse Ebenmá satisfeita...
- E esta? E pensar que tantas vezes nem sei que deitar ao gato...-considerou Adamina, num estado entre o pensativo e o maravilhado.
- E os meus olhos mãe? Se não fazes nada, eu seja ceguinho, se não me vingo...
- Qué que fizeste aos olhos do teu irmão, Caim? –perguntou a mãe passando-se da mona – não é que eles sirvam de nada, porque o teu irmão não vê com eles, mas...
- Essa agora- defendeu-se Caim- agora a culpa é minha, queres ver? Eu estava com os dedos abertos e perguntei: quem é capaz de acertar aqui com os olhos. E logo veio este mongo todo lampeiro e zás, quando dei por isso, lá estava eu com os dedos metidos nessa caixa craniana nojenta. Baaark (expressão de nojo)
- Nojento és tu ò seu palhaço- disse o ceguinho- ah mas vais pagar-mas
- A tua sorte é que eu não bato em ceguinhos, palerma!...
Nisto sai Ivan, o pai, olheiras fundas, da gruta onde dormia. Traz cara de poucos amigos...
- CHEGA!!! PÁREM JÁ!!! SERÁ QUE NÃO PODEMOS TER UM POUQUINHO DE SOSSEGO? UM DIA É PORQUE PARTEM PESCOÇOS, OUTRO PORQUE ARRANCAM OLHOS: ESTOU FARTO DE QUEZÍLIAS E DE QUEIXINHAS...
- E a onta da inha íngua?!?
- A ‘onta da ‘ua ‘íngua ‘omeu-a o ‘ato...responderam todos em estereofonia...


(a continuar no próximo Domingo)

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Viseu, Beira Alta, Portugal
autor satírico, cartoonista pseudónimo de António Gil, Poeta e Ficcionista, Não sectário, Agnóstico, Adepto Feroz da LIberdade de Imprensa e de Opinião...

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