Se nada devo a ninguém
Mesmo com pouco dinheiro
Porque há-de, dizer alguém
Que sou eu, o caloteiro?
Ando revoltado e teso
Cada vez mais inssurecto
Como um gato indefeso
Que encurralassem num beco
Pago «buracos» obscenos
Taxam-me o ar que respiro
Bebo sórdidos venenos
Ameaçam-me, se espirro
E inda me pedem o voto!
Arre gente sem vergonha
Mesmo um santo, ou devoto
Por isso, no 5 de Junho
Sem lher dar satisfação
Eu hei-de pelo meu punho
Dar-lhes a tal «eleição»
Obtido o boletim
Hei-de sentir tal aperto
Qu' aflito e fora de mim
Uso o WC mais perto
Para enfim lhe dar uso
por ser ecologista
E não gostar do abuso
De quem tudo desperdiça
Se sobra sempre pra mim
Se sempre me fazem a folha
Limpo o cu ao boletim;
E o Diabo que escolha
Mas não guardo o qu'é alheio
que cá eu sou dos honestos
Vou devolver pelo correio
O boletim, com «os restos»
E sem sombra de engulho
logo que usado, afinal
Vou escrever, no embrulho
«À Comissão eleitoral...»
António Aleijo ' in' este livro que despejo
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