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Monday, April 18, 2011

História Universal da Cuskice - pela Dra. Glória d'Anais de Guerra e Antas

Breve biografia da nova colaboradora de Blogosfrega - Investigadora de tudo que ao passado diz respeito, desde muito nova jurou descobrir de que terra era, em que dia exacto nascera e de que pai seria filha. Formada pela Universidade de Toutonto, especializou-se em Cuskologia no Centro de Estudos Superiores da Faculdade de Calhandria, sendo Doutora Honoris Causa pelas Universidades de Batpahpo e de Tasmovir. Reconhecida sumidade das chamadas Civilizações do Minguante Estéril, região compreendida entre os rios Intrigue e Enfartes, Dra Glória é uma erudita de mão (e boca) cheia, tendo publicado «Ascenção e Queda da Bebelónia», «Maskemelga, Último Rei da Maçadónia», «Escavações nas Grutas de Hasdkhavir» e o  grande sucesso (ainda não concluído e sem fim à vista) «História Universal da Cuskice», de que já publicou 365 volumes, de que reproduziremos excertos, começando por uma breve história da linguagem. 

« Já que se me impõe abordar a Pré-História, enquanto período fulcral para entendermos o contexto que fabricou e alimentou o ‘Homo Ridiculus’, convém informar os leitores que, discordando da actual nomenclatura da disciplina, só me resta discorrer sobre as Idades da evolução humana designando-as da forma que me parece mais adequada. Assim, em lugar de Glaciações falarei das Idades do Briol e em vez de Idade da Pedra teremos a Idade do Pau, material com uso mais generalizado, prolífero e profícuo. Nunca entendi a admiração parola que um punhado de setas ou machados de pedra suscita quando um bom pau bem afiado cumpre, com menos trabalho, as mesmas e até mais elevadas funções. Sim, porque mesmo uma lasca que faça de seta ou de lâmina de faca precisa sempre do seu pedaço de pau para ter algum efeito, ou não?. Argumentam-me que foram calhaus o material usado nos Dólmens, Antas, Menires e outros Monumentos funebres e nem se dão conta de ser precisamente esse, o derradeiro argumento, a definitiva prova do quão desprezível a pedra era, ao ponto de só servir para pôr à volta ou em cima dos mortos. 

De onde veio o «Homo Ridiculus» também conhecido por Macaco Pelado? 

Ao que tudo indica, do mesmo lugar de onde vieram os macacos peludos. Podem ter largado pêlo durante uma fuga desesperada, por entre arbustos espinhosos, à grande erupção do vulcão Touthamanjar mas a explicação da grande queda capilar também pode estar associada ao stress pós-traumático ou até à fomeca que passaram na sequência da impressionante catástrofe. Certo, certo, é que estes hominídeos se alimentavam do que calhava ( e às vezes calhava-lhes tão pouco que os estômagos faziam um barulho semelhante às trovoadas, o que muito os assustava). Refugiavam-se então em autênticos buracos, sem ventilação, sem luz natural e sem saneamento básico, e aí esperavam que a tormenta passasse. Daí que, como perfil psicológico, não será ousado deduzir-lhe um temperamento irritadiço, um carácter quezilento, uma postura constantemente agressiva. 

A agravar tudo isto, o facto de o lado gregário deste primata ser mais ilusório que real. O alto grau de conflitualidade familiar e social e a gritaria que faziam nas suas constantes disputas, irritaram tanto os símios mais pacatos (gorilas, chimpas, orangos) que acabaram expulsos da selva. Em clara inferioridade numérica, os barulhentos macacos pelados foram sendo escorraçados para a orla da floresta. Aí, graças a um primeiro conflito interno, separaram-se em dois grupos: os Grunhos, que ficaram com a parte sul da orla e os Totós, que fugiram da servidão dos primeiros e se fixaram na parte Norte, mais sombria e pobre. 

À partida, não havia grandes diferenças físicas entre os dois grupos, provenientes como eram, do mesmo tronco comum. Também não se distinguiam pelas capacidades intelectuais que eram risíveis, nos dois casos. Uns mandavam sem pensar, outros obedeciam sem pensar. Uns comiam até estar fartos, outros só comiam depois dos primeiros estarem fartos. Uns gritavam e batiam, outros ouviam e levavam. 
Seria a primeira de uma longa série de dissidências que afectaria as futuras sociedades dos Macacos Pelados. 

Como chegaram os Macacos Pelados à linguagem? 

Evidentemente, antes da palavra e do gesto, mesmo antes da descoberta do pau como instrumento, os primeiros humanos tiveram de se entender ao murro, ao pontapé, à cotovelada, à joelhada, à dentada e à unhada. Foi portanto a violência a forma primeira de comunicação entre indivíduos da nossa espécie, como o foi e continua a ser para tantos outros, de tantas outras espécies. 
Linguagem Universal, simples, directa, todos a compreendem, sobretudo os seus destinatários. Graças à violência, todos os trogloditas pelados, desde o maior ao mais pequeno, sabem o lugar que ocupam durante uma refeição e quanto têm de esperar para poderem dar uma trinca na chicha sem que chova pancada. Graças à violência, um Pelado jovem não se aproxima das fêmeas do grupo sem grandes cautelas. Graças à violência, quem acordar o Chefão sabe que ou foge depressa ou é servido ao jantar. A isto, as criaturas ternurentas que se auto-designam por sociólogos, chamam manutenção da ordem social.»


Dra. G.A.G.A.

(A continuar em breve... )

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Viseu, Beira Alta, Portugal
autor satírico, cartoonista pseudónimo de António Gil, Poeta e Ficcionista, Não sectário, Agnóstico, Adepto Feroz da LIberdade de Imprensa e de Opinião...

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