Futeboys: pelo comentador Rolando Campos e Relvas

Regresso cheio de força, depois de uns dias de folga. Ao contrário da anterior, esta semana foi fértil em acontecimentos, tanto dentro como fora dos relvados. Tão fértil que a relva da Luz deve estar viçosa eh eh eh. O futebol português regressou ao seu velho esplendor. Não falo do esplendor na relva (desculpe, sir Frankie, a colherada na sua área cinéfila) porque, apesar de bem regada, a relva não brilhou.

Alguém no Benfica sofreu de apagão cerebral e meteu água. Costuma-se dizer que tristezas não pagam dívidas. Pode-se também dizer que alegrias alheias não agravam as dívidas próprias. E de dívidas, já temos obrigação de saber umas coisitas pois estamos na Super-Liga dos Países com reputação de Caloteiros, com fortes probabilidades de arrecadarmos o Título.

Ora se os Tripeiros estavam felizes e festejavam, em que é que isso podia agravar «as penas» da Águia?. Valeu o factor sorte, aos «iluminados» do apagão: se tivesse jorrado sangue, não sei como sacudiriam a água do Capote.

De resto, de que serviria a vitória ao Benfica? Algum Benfiquista ficaria mais bonito, rico ou inteligente por isso? Não? O Benfica veria as suas dívidas reduzidas? Também não? É que o Campeonato (há coisas que nem deviam precisar de ser explicadas) já tinha voado, ainda antes da águia Victoria bater asas para outras bandas.

Foi uma triste ideia, pois só ficava bem ao Benfica reconhecer que o Campeonato desta época ficou bem entregue.

Mas se dentro da Luz se viveram estes momentos de «apagada e vil tristeza» (que eu também sei citar Camões e sem trocar versos como faz o Luís Vaz de Cá, neste blog, às quartas-feiras), fora dos campos, houve galhofa, da brava, a propósito das declarações de Paulo Futre, o novo grande estratega do Sporting.

Os meus amigos mais próximos advertiram-me: « tem cuidado, R.C.R. que o Futre vai-te abafar».

Reconheço que tenho ali um rival de peso, até porque uma boa «stand-up-comedy» é sempre muito mais irresístível que um texto escrito, sobretudo quando o «artista» é inspirado a ponto de apanhar deixas do público.

Dito isto, até acho que o homem não meteu assim tanto os pés pelas mãos, como se diz por aí. A ideia dele nem original é: todos sabemos que os produtos chineses saem sempre mais em conta. Ora os jogadores de futebol são produtos de luxo, caríssimos e ainda por cima sujeitos a desvalorizações mais abruptas que aquelas com que as agências de rating nos castigam.

Portanto há que ir buscá-los baratos, desde que não tenham defeitos de fabrico. Se a seguir se puderem vender com mais-valia então, é o ideal, e isso tem-se visto muitas vezes acontecer, para gáudio dos agentes do futebol e de alguns presidentes que sempre vão compondo os seus magros salários com uns troquitos que retiram das transacções.

É certo que aquela dos vôos charter que trariam centenas de chineses para ver o Sporting e a sugestão de um departamento «lagarto» só para assuntos chineses (embaixada do Sporting na China? É pah o Sporting é uma Naçon), foi a que mais fez as delícias dos mal-intencionados. Mas pensem lá bem: se é para abrir uma «linha» de importação, não convém ter lá muita gente, a ver os muitos jogos do campeonato chinês? E outras tantas para negociar? E mais algumas para acompanhar as comitivas? E isso não implica um vaivem de voos, de cá para lá e de lá para cá?

Eu cá acho que, para homem que sempre viveu do futebol, o rapaz nem disse muitos disparates, até foi capaz de fazer umas pausas para reflectir, tentou concentrar-se e, se a seguir falhou em tudo o que disse, não devemos apontar-lhe o dedo, mas antes elogiar-lhe o esforço: se ele continuar a tentar, um dia destes, mesmo que longínquo, há-de conseguir pensar em alguma coisa de jeito.

Que bota-abaixismo e que inveja proliferam neste País, não podem ver uma camisa lavada (ou um porsche amarelo) a ninguém!