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Thursday, April 28, 2011

História Universal da Cuskice - pela Dra. Glória d'Anais de Guerra e Antas



E o machado, a lança, a faca, o arco e flecha, as peles?

Bom, é verdade que todos esses instrumentos domésticos davam jeito, caso contrário ninguém se daria ao trabalho de os fabricar, não é verdade? convém, no entanto, não exagerar na importância destas pequenas conquistas. Mais importante que todos estes utensílios foram a cana de pesca, para os homens e o pente para as mulheres. Porquê? porque só estes dois instrumentos permitiam a uns e a outras passarem horas e horas de ociosidade junto ao rio, uns fingindo que pescavam, outras fingindo que se penteavam, sem que nenhum passante se interrogasse da seriedade de tudo aquilo.

Já vimos que os primeiros hominídeos eram criaturas pouco sociáveis. Apesar disso ou por isso, construiram muitas comunidades. Além das guerras havia comunicação regular, entre essas comunidades?

Entre os Hominotes havia o hábito de visitar parentes, de inquirir do seu estado de saúde e voltar para casa outra vez, a menos que o parente em causa fizesse o favor de se finar. Nesse caso, era festa da rija, durante três dias, a expensas dos pobres familiares do defunto. Caso contrário, havia que regressar educadamente e educadamente esperar pela morte do dito e pelos tais três dias de farra. Estas visitas eram regulares porque os Hominotes vigiavam-se com afinco, em virtude da sua cusquice natural mas também por uma questão de heranças. Uma velha lei nunca escrita mas muito interiorizada estabelecia que os familiares ausentes no funeral de um Hominote perdiam automaticamente todo o direito à sua parte dos despojos. Dito de outra maneira: quem estava repartia entre si e da decisão não havia recurso. Isto fazia com que todos quisessem sempre estar presentes, embora alguns trabalhassem para que outros não fossem informados a tempo.

E quanto a comércio? Havia comércio, entre estes povos?

Naturalmente, trocava-se de tudo e o nosso famoso palito, que ajudou na descoberta do fogo, foi a primeira unidade monetária da pré-história. Havia decerto limitações no sistema contabilístico destes nossos antepassados visto que nada podia custar mais que dez palitos,. Mas também ninguém era obrigado a colocar à venda nada que achasse de valor superior. À parte essa função, os palitos também ajudavam a arredondar as trocas directas. Duas galinhas e dois palitos valiam um coelho. Dois coelhos, duas galinhas e dois palitos valiam um leitão. Se bem que para se ter dois palitos, naquela altura não era preciso muito: uma distração de um dos conjuges, por breve que fosse e...pimba!

Porque se atribuía tanto valor ao palito?

Em primeiro lugar, porque a comida mal passada ou crua metia-se entre os dentes e não havia escova. Em segundo lugar porque, com o mesmo formato, servia para fazer fogo, para picar o parceiro sem o matar e, finalmente, porque era um produto que demorava o seu tempo a fabricar. Para a sua manufactura, requeria-se uma madeira especial, macia saudável, de bom talho. Infelizmente, os instrumentos, tal como os artesãos da época, deixavam muito a desejar quanto à precisão das respectivas funções e assim derrubavam-se duas árvores adultas para fabricar cerca de cinquenta palitos. Tudo o resto era cascalho para queimar.

Há vestígios desse valor do palito, nas línguas vivas?

Certamente que há; como a expressão em português «custou-me cento e picos» ou, ainda há poucos anos, antes da entrada do euro, « custou-me quinhentos paus».

Que meios de transporte utilizavam os primeiros Humanos?

De início andava tudo a penantes. Depois, desde que Arborícola III falhou a caça de um pónei tendo de se lhe agarrar ao pescoço para não cair, todos aprenderam que aquela era a maneira mais rápida de se porem a milhas. Mesmo assim, nem todos se atreviam a montar equinos. Um grande número de primatas pelados preferia cavalgar os seus semelhantes: eram mais lentos mas mais obedientes.

E quanto às vias fluviais? Havia jangadas?

Havia pelo menos tecnologia para fabricá-las mas os antropóides não viam grande utilidade no seu uso. Nunca deixavam a população crescer a um ponto que fosse preciso expulsar muitos de cada vez. Normalmente, despachavam-nos um a um. Mesmo se decidissem fazê-lo por via fluvial, um tronco e uma corda bastavam para expulsar o excedentário, com a ajuda da corrente. Tal como a roda, também as viagens fluviais funcionavam apenas num sentido: para baixo, sempre para baixo.

Nota de Joaquim Silva: Enquanto não reorganizo o blog, contando com os colaboradores que já tenho (excepto talvez a Esmeralda  Preciosa da Cunha, cuja convalescença ameaça ser longa) a Dra Glória, graças à sua lábia, aproveita e vai publicando. Diga-se de passagem que o tem feito com sucesso e assinalável número de leitores, o que deve querer dizer que a cuskice ainda rende, eh eh eh.. (e não chegámos ainda a essa parte da cuskice...). Amanhã será dia de Rolando Campos e Relvas, pois ontem e hoje houve e vai haver chuto...na bola...

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Viseu, Beira Alta, Portugal
autor satírico, cartoonista pseudónimo de António Gil, Poeta e Ficcionista, Não sectário, Agnóstico, Adepto Feroz da LIberdade de Imprensa e de Opinião...

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