Como os meus prezados amigos já deram conta, passo a minha vida a ver filmes e a relacioná-los com a minha leitura da realidade. Alguns dos mais críticos dos meus leitores acham que erro nalgumas dessas comparações, outros censuram-me por tanto me dedicar a escrever sobre filmes excelentes, como sobre filmes medíocres, quando não mesmo mauzinhos. Reconheço que esses críticos têm toda a razão, ou não fosse eu, também, um crítico terrível. Acontece porém que os maus filmes também fazem parte da minha vida e chegam, muitas vezes, a ser mais obcessivos do que os bons, um pouco como acontece com certas músicas irritantes que, em certos dias, não conseguimos tirar da cabeça. O filme sobre o qual me debruço hoje, é um desses pois, de forma cíclica, regressa ao meu quotidiano com a força que só as coisas más conseguem ainda ter. Tal como no filme, aqui o título é enganador, pois não há só uma múmia mas muitas, sempre multiplicadas por efeitos especiais, sempre horríveis, no aspecto como nas acções e o objectivo delas é sempre o mesmo: servir a Grande Múmia, essa criatura ainda mais horrenda que as outras, quanto mais não seja por ser chefe das demais. O seu objectivo evidente é «viver para sempre» e para sempre no poder, coisa que só conseguirá se for capaz de executar (ou ter quem por ela execute) um certo número de feitiços ou encantamentos que lhe permitam violar todas as Leis Naturais, as mesmas que nos condenam à mortalidade e à degradação. As Múmias que nos comandam tentam pois impedir que o comum dos mortais se atravesse no seu caminho, contando para isso com a colaboração de vários feiticeiros, todos arregimentados, cuja função principal consiste em repetir fórmulas que só funcionam porque, na maioria dos casos, quem as ouve pouco sentido lhes dá. São múmias jornalistas, múmias comentadoras, múmias que se autodesignam especialistas em várias matérias, cujo ofício é, em grande medida, assustar quem quer trazer certos segredos para a luz do dia. As fórmulas que repetem não são originais, embora muitas vezes pareçam fazer sentido. Não são enigmáticas, embora quase sempre estejam carregadas de misticismo barato. E não são belas porque descarnadas de qualquer sentido aplicável á realidade material. Mas funcionam, porque paralisam ou desorientam grande parte dos mortais, pelo medo, pela ignorância ou pela fraqueza anímica. Qualquer criatura de carne e osso as destruiria, se se atrevesse a tentá-lo mas as Múmias servidoras da Grande Múmia sabem que, por enquanto, não correm esse risco. Defensoras da Ímpia Pirâmide, dos chefes e chefões, as órbitas vazias e o cínico sorriso de esqueleto alugado, ameaçam os «intrusos» com o caos, a miséria e mil e uma outras armadilhas. Os tempos que aí estão a chegar hão-de esclarecer, melhor do que eu, o desfecho desta história mas, para aqueles que não se amedrontam com encenações, gritos histéricos, músicas de mau gosto e «efeitos especiais» lembro ainda que tal como na Sétima Arte, também aqui falha o Argumento, essa peça essencial que, caso haja alguma planificação e muito trabalho (de técnicos, actores, e criativos) até pode tornar um filme com baixo orçamento numa grande Obra-Prima do Cinema.
Quando chegará o dia em que veremos, graças a esse árduo mas necessário trabalho, este miserável filme reduzido a pó?...
The curse of the Mumy's Tomb by Sir Frankie Goethe Wally Wood
The curse of the Mumy's Tomb by Sir Frankie Goethe Wally Wood
Like all my dear friends have already noticed, I spend a big part ofmy life seeing films and trying to relat them with my vision of reality. Some of the most critical of my readers think I'm wrong in this comparisons, others do not understand I put in the same level excelent and lousy movies. I think those critics are fair, for I'm a terrible critical too. But bad movies make also part of my life and become, sometimes, more obsessive than good ones, like it happens with some kind of irritating songs wich often take over my thoughts. Today's film make part of these kind, for it's one of those that ciclycally comes back to my daily life, with the power that only nasty things succeed to have. As it happens in the movie, the title is deceiving, because there are many mummies instead of one, always multiplied by the special effects, always terrible in the look as in the actions, wich purpose is all the time the same: to serve the Big Mummy, that creature even more horrifying than the others, if not by other reasons, for beeing the boss of them all. The obvious goal of the Mummy of the mummies is, obviously, to live for ever, to rule for ever, a purpose that will just be successful if «It» manages to perform (or makes someone perform for him) a certain number of spells in order to violate all the Natural Laws, the same laws that make of us mortal creatures. The servant mummies and the wizards, all working for the Big Mummy, collaborate as slaves in this purpose. They are journalists, commentators, so-called experts in several subjects wich job consists in scaring ordinary people that want some secrets revealed. The «magic» formulas they repeat all the time are not original, although they seem to make sense . They are nor enigmatic, although all the time charged with cheap mysticism. And they are certainly not beautiful for they are gaunt of any kind of sense of reality. But they work, for they paralise and desorient a big number of mortals, by fear, ignorance or soul weakness. Any flesh and bone creature could destroy them with a simple blow, it just takes to try it. But the servers of the big Mummy know, very well that for the moment they are not in risk. Defenders of the Wicked Piramid, soldiers of their boss, holes instead of eyes, the cinical smile of the rented skeletons, they threat the intruders with the chaos, the misery and other false traps.
The times to come will clear better than me the end of this story but, for those that do not fear the set-up, the masks, the doomed screams, the bad taste music and the special effects, I recall the complete absence of a decent script, of a consistent story-board, those ingredients that, together with a good Planning and lots of work (from creative & technical staff, actors and others ) can turn into a Master Piece of Cinema, a film of low budget.
The times to come will clear better than me the end of this story but, for those that do not fear the set-up, the masks, the doomed screams, the bad taste music and the special effects, I recall the complete absence of a decent script, of a consistent story-board, those ingredients that, together with a good Planning and lots of work (from creative & technical staff, actors and others ) can turn into a Master Piece of Cinema, a film of low budget.
Ashes to ashes, dust to dust, shall we star doing our job in order to eliminate all this mummies?...
Quanto pior, mais caro o filme. E quanto mais caro, pior...
ReplyDeleteApesar de meros actores secundarizados e escravizados, sempre podemos contribuir para a construcção desse Argumento, com rigor e realismo (e sem efeitos especiais). Assim haja ânimo e inteligência.