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Saturday, April 30, 2011

Marxismo: a via Groucho: por Sir Frankie Goethe Wally Wood

Sempre que me perguntavam a minha ideologia eu respondia: Marxista, segundo a linha Groucho. E ainda me sinto assim. Os irmãos Marx, de que Groucho era incontestado expoente, eram mais revolucionários do que muitos maduros armados, com cara de maus e a gritar como histéricos. Claro que nunca pertenci ao Partido Groucho porque o próprio, o verdadeiro, confessou que nunca aceitaria fazer parte de um clube que o aceitasse como sócio. Isto cria esta situação paradoxal em que me sinto: haverá ainda algum asilo de doidos que aceite mais um? evidentemente que não: todos os loucos do Universo parecem tão concentrados em defender as suas loucuras pessoais que nenhum parece  disposto a dar um pouquinho de atenção á loucura alheia. 
Groucho não era um ingénuo como Charlot, nem tagarela como grande parte de tantos outros comediantes antigos e actuais, os da stand-comedy à cabeça da verborreia. Não era homem para grandes monólogos ou floreados humorísticos: as suas piadas normalmente constavam de frases curtas, incisivas e contaminadas por um espírito deliciosamente absurdo. Tudo aquilo que atormentou outros filósofos, para Groucho era motivo de risota, e esta foi uma via que só talvez Woody Allen prosseguiria com êxito. Ele ridicularizou  os mais gratos conceitos da sua civilização pseudo-religiosa, não poupou os mitos urbanos, brincou com a imprecisão da linguagem, coisa que tanto tinha preocupado Wittegenstein, pôs a ridículo fórmulas e convenções sociais, descontextualizando-as e abrindo terreno a uma nova escola de humor. Mesmo que os seus filmes tenham caído no esquecimento momentâneo, naquele limbo onde dormem todas as obras que realmente contam, acredito que um dia os Marx Bros. regressarão, em toda a sua força, para galhofeiramente ocuparem o lugar que sempre foi deles na História Universal da Comédia ou Na História da Comédia Universal, que é nome que os manos todos decerto prefeririam. 
  Seja como for, tenho este sonho recorrente: Groucho caminha a meu lado num parque e pergunta-me se tenho fome. Respondo-lhe que sim e ele encolhe os ombros e diz:
- Também eu, mas nada a fazer: Só há almoços grátis pra quem possa pagar... 

1 comment:

  1. ...ainda bem que as gargalhadas não se pagam...ou ...por enquanto são mesmo grátis...!! Começam é a ficar raras!!
    Antes Groucho do que frouxo!!

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Viseu, Beira Alta, Portugal
autor satírico, cartoonista pseudónimo de António Gil, Poeta e Ficcionista, Não sectário, Agnóstico, Adepto Feroz da LIberdade de Imprensa e de Opinião...

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