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Monday, April 25, 2011

Revoluções e Famílias Oportunistas por Lilith Lovelace

«Os tempos da Velha Senhora já lá vão», ouço tantas vezes dizer a alguns amigos distraídos. Gostaria de lhes dar razão mas, como sou uma pessoa atenta, não posso fazê-lo. A tal Velha Senhora, no caso Português, foi apenas passar umas férias ao Brasil, fez uma plástica ao rosto e de lá voltou, revigorada e gaiteira como nunca, agora que sabe que pode mudar de cara de quatro em quatro anos ou até menos, se houver eleições antecipadas. 
Ainda hoje se discute se o 25 de Abril de 1974 foi, de facto, uma Revolução ou antes um Golpe de Estado. Alguns militares da brigada do reumático não se cansam de dizer que foi graças a eles que se instaurou, em Portugal, um regime democrático(?). Não nos dão grande novidade, porque, de certa forma, a eles se deve também a Ditadura, a República, a Restauração e a Independência do Reino (com a inestimável ajuda dos outros todos, dos Fortes Anónimos de que não reza a História). 
Mas no lugar deles, em vez de me gabar disso, ficaria caladinha pois está-se sempre a tempo de lhes pedir contas da merda dos regimes que andam a impor aos Portugueses, desde o tempo dos Afonsinhos.
E quanto ao vinte e cinco de Abril...bem, aquilo nem foi bem uma revolução, pois não? Se usássemos a mesma metáfora do parágrafo posterior (isto é um texto interactivo, já prevê o que será escrito a seguir), teríamos de acrescentar que o povo, ali, foi uma espécie de penetra de uma festa em relação à qual, aliás, tinha recebido indicações expressas de nem se aproximar. Só que os militares golpistas cometeram um erro terrível: noticiaram a coisa na rádio. O povão ficou logo a saber que havia festa e não quis perder pitada. Enquanto a festa durou, como dizia o Chico que tem de Holanda no apelido, foi bonita. Depois veio a conta. E a conta, meus amigos, ainda hoje os Portugueses andam a pagá-la, sempre com juros ascendentes.
Pessoalmente, nunca fui grande adepta das Revoluções que são um pouco como as festas da estudantada: muito barulho, muita confusão e, no fim, há sempre muita sujeira que ninguém quer limpar. Prefiro os verdadeiros golpes de estado, os clássicos e canónicos que terminam com a velha classe dirigente encostada à parede. Mas, como sou um verdadeira democrata e sei que muita gente se opõe ao derramamento sangue, também não me importo se, em vez de fuzilados, os actuais cleptocratas forem simplesmente afogados nas Estações de Tratamento de Águas Residuais, para preservação de rios, lagos e mares.
A vantagem dos golpes de estado relativamente às revoluções não se limita às tradicionais questões de higiene. Um golpe de estado bem organizado, se for levado até às últimas consequências, dispensa povo nas ruas, reuniões partidárias e outras palhaçadas folclóricas do mesmo jaez.
Vantagem adicional: resolve, sem comités, votações e outras farsas (porque infelizmente só servem para inglês ver) , que o maduro que fica no poder é mesmo o mais mauzão. Porque efectivamente, só um tipo pior que os mauzões todos juntos pode castigá-los como os oprimidos sabem que eles merecem. Claro que depois também é necessário tratar do grande mauzão, de preferência antes que ele ganhe o gosto «à coisa». Se isto se fizesse assim, teríamos novidade, pois normalmente acontece o contrário:  os «mauzões», liquidados os seus grandes inimigos, entusiasmam-se e acabam por encostar o povo à parede. E para encostar o povo à parede, não são necessários grandes «mauzões», bastam uns milhares de crápulas, comandados por uma troika de Mafiosos, como se vê na actual situação portuguesa...

1 comment:

  1. A herança da Revolução dos Cravos é muito folclore, mas convém não esquecer os ganhos de liberdade, que, embora relativa, será sempre preferível a quaisquer mordaças. Falta responsabilizar os ladrões que continuam a vampirizar-nos. E a Troika mostra-nos que bastam 3 para mandar no país, logo, não precisamos de 230 deputados, dezenas de ministros, Secretários de Estado e afins para nada!

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Viseu, Beira Alta, Portugal
autor satírico, cartoonista pseudónimo de António Gil, Poeta e Ficcionista, Não sectário, Agnóstico, Adepto Feroz da LIberdade de Imprensa e de Opinião...

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