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Wednesday, April 27, 2011

os ‘Razíadas’ por Luís de Cá , Mões (Beira Alta) Canto 3º, estr.5 a 8


Além disso, o que a tudo enfim me obriga 
É não poder mentir no que me arroja
Porque qual parasita, qual lombriga
É sugador, que por aqui se aloja
Corrói o mesmo corpo em que se abriga
E desta guisa,  já só dele se despoja
Quem largue lastro, de forma expedita
Depositando-o no fundo da sanita

E ainda é preciso ao autoclismo
Dar ordem de descarga bem violenta
P'ra que não ataque outro organismo
Roubando-lhe a seiva qu'o sustenta
E assim se jogue em fundo abismo
A criatura indesejada e nojenta
Que nas entranhas vive e procria
À custa de quem dela, nem sabia

Venha pois o remédio e o purgante
Antes que o Pátrio corpo, enfraquecido
Desfaleça. Ò corpo ignorante
De todos males de que tens padecido
Pois não se anuncia, o verme tratante:
Traz seu hospedeiro adormecido
Criatura falsamente inofensiva
que no interior de nós, nos suga a vida

E a todos os outros vermes cujo nojo
É tanto que sem qualquer piedade
O hospedeiro, decerto já de rojo
o teria esmagado, se na verdade
Vê-lo pudesse, pois que arrojo
Não falta ao ser, nem a vontade
De exterminar quem o afronta
-Assim de seus males, ele desse conta  

(Continua na próxima quarta feira)

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Viseu, Beira Alta, Portugal
autor satírico, cartoonista pseudónimo de António Gil, Poeta e Ficcionista, Não sectário, Agnóstico, Adepto Feroz da LIberdade de Imprensa e de Opinião...

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