Número de visitas da Blogosfrega

Wednesday, April 6, 2011

Os «Razíadas», canto segundo: estr.23 a 26




23- «Ò vós, que fingis inda ter piedade

Da desgraçada Nação Lusitana
Que, com tanta miséria e adversidade
Ignorais do Povo a força insana
E crêdes que, por toda a Eternidade
Haveis de impor vossa lei desumana
Ouvi: de vós, o mal que recebemos
Já só com mal maior pagar podemos

24- Vós, que da Nação tornastes
O mar estéril, o solo infecundo
E pelos amigos distribuindo andastes
O pecúlio desse saque imundo
Pelo rosa e pelo laranja que comprastes
Com os dinheiros gamados do Fundo
Inda que viva eu, sem fama ou glória
Hei-de mostrar ao povo, que sois escória

25- Isto dizendo, pra que outrém veja
A hipócrita perfídia, cujo dolo
Já não escapa a quem ver deseja
( Que o Povo, se ainda se faz tolo
É porque a violência não deseja
Qu'Ele bem sabe a que leva o descontrolo
Quando o pão falta e a falsidade
Já não cobre o «cheque» da verdade)

26- Mas depois de já tudo ser notado
Mesm'o simples, qu' inda ontem pasmava
Hoje sai já de seu leito, irado
E na fúria da reacção que tardava
Se arremessa, qual escravo libertado
Contra quem, sorrindo, o maltratava
Pois que já se esvai, a anestesia
Que o cegava para tanta aleivosia

(continua às quartas-feiras)

No comments:

Post a Comment

Mensagens populares

Blogosfrega

Followers

Blog Archive

About Me

My photo
Viseu, Beira Alta, Portugal
autor satírico, cartoonista pseudónimo de António Gil, Poeta e Ficcionista, Não sectário, Agnóstico, Adepto Feroz da LIberdade de Imprensa e de Opinião...

Labels