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Saturday, March 19, 2011

O Navio (E La Nave Va): Filmes da minha vida por Sir Frankie Goethe Wally Wood


Sobre o filme, já muito se disse sem que o assunto se esgotasse. Sobre a realidade actual, que é em muitos pontos semelhante à obra prima Felliniana, está muito ainda por dizer, embora o assunto pareça esgotado. A partir do momento em que entramos todos num mesmo barco, pelo menos durante o tempo que durar a viagem, pouco importa a origem de cada um dos passageiros visto que só o destino nos une. O Capitão, suspeita-se, não parece saber grande coisa de navegação e os oficiais que o rodeiam apenas parecem interessados na «mercadoria» (refiro-me à não humana) e ao quinhão que há-de tocar a cada um deles, segundo um critério Piramidal cujo vértice parece afastar-se da base a olhos vistos. Os Passageiros, mais diversificados ainda que a fauna de um grande Zoológico, cruzam-se pelos lugares públicos do Navio mas não dedicam grande tempo uns aos outros, tão interessado cada um está na sua ilustre e própria pessoa. Os vários lugares também os conhecemos: O pior sítio do Navio é onde se queimam extraordinárias quantidades de energia para manter a coisa em andamento. Aí, gente rude e suja, transpira copiosamente, atirando constantemente achas para a fogueira. Uns pisos mais acima, Cavalheiros e Damas dançam ao som de «What a Wonderful World». Em redor da Nave e em toda a extensão do horizonte algumas nuvens ameaçam borrasca mas de início isto não preocupa ninguém ou quase ninguém. A própria ideia de Naufrágio é tão impopular entre passageiros que se tornou palavra tabu. Quem relembre essa possibilidade a outrém torna-se impopular senão mesmo pária. O Navio é Moderno, seguro, construído com os melhores materiais e tecnologias, asseguram muitos. Além disso, acrescentam outros, há muito muito tempo que navega sem que alguma vez se tenha afundado, apesar de umas tantas valentes tormentas. Aqui e ali foi havendo uma reparação, por causa de avarias relacionados com o fabrico, afinal não assim tão perfeito. Muitos creem mesmo que o Navio sabe auto-regenerar-se, sem qualquer intervenção humana.
E portanto ela vai, a Nave, mar dentro, sem se saber onde nos leva, mas com um secreto receio sobre as ousadias cada vez mais frequentes do Capitão que pouco parece saber do Real Poder do elemento onde navega.
Bom, no filme o Navio afunda-se sem remédio e (ao contrário do Titanic) ninguém se salva. Começamos por ver a água entrar e subir lentamente de nível, sem a histeria de outros filmes sobre naufrágios. Uma ou outra lágrima silenciosa rola pela face de um homem sensível, não pela vida que vai perder, mas pela que já perdeu há muito.
Alguém terá dito que o genial Realizador, sabendo-se mortal, fez embarcar no «Navio» toda a sua galeria de personagens, os belos e os feios, os sublimes e os grotescos, os ricos e os pobres, para os afundar, pouco antes de ele próprio se ir reunir a eles.
No outro navio, aquele que nos leva para ignoto destino, os oficiais continuam demasiado entretidos com outros afazeres para poderem ouvir o som da rebentação. Alguns membros da tripulação, mais experientes, começam a sobressaltar-se mas aguardam ordens. Os passageiros, na sua quase totalidade ainda dormem o sono dos incautos. Ouvem-se aqui e ali umas sirenes de alarme que o Capitão logo manda calar. Quem terá sido o patife que sonhou o filme desta obscura realidade tão menos interessante que a Obra Prima de Fellini?


The Ship (E La Nave Va): Films of my life by Sir Frankie Goethe Wally Wood



About the film, everything was already written but the subject is not out-of-print. About the reality we have, wich has much in common with Fellini's movie, there's still lots to say.

After the moment we get in the same boat, and during the time the journey lasts, doesn't matter from where the passengers came, just where they go to. The Captain doesn't seem to know much about navigation and the officers around him just care about the merchandise products (I don't mean the human ones) and how much profit wich one will have, according to the uneven rules of the hierarchy.
The passengers, more diverse than a big Zoo fauna, meet each other around the public places of the Ship but they do not give too much attention to their neighbors, so busy each one is with his own dear person. The several places of the Ship are also familiar: The worse of all is the corner where big amounts of energy are wasted to keep «the thing» moving. There, dirty and sweaty men,  feed the fire. Some floors above, a little crowd of Ladies and Gentlemen dance to the sound of the music «What a Wonderful World». Around the ship, some clouds start to darken the sky, but that doesn't seem to bother anyone or almost no one. The concept of sinking is so impopular among the passangers that the word became tabu. 
Whoever might recall the possibility that real quickly becomes impopular. It's a safe, modern ship, made of the best materials and tecnology, we were told. Besides, it's sailing for so long and it did never sink, in spite of so many storms. Of couse, sometimes had to be repaired, because of «small problems of design». Many believe the ship can regenerate itself, without any human action.

So the ship is now sailing across high tide, some of us started to fear the Captain audacity, specialy his desrepect for this big fource of Nature, the endless ocean.
Well, the ship of the movie sinks, and no one can be saved. We start to see the water slowly rising of level, without the histerical reactions of other catastrophe films. Silent tears come out of the open eyes of a sensitive man. He is crying not for the life he will lose, but for the life he lost already.
Someone said in this film Fellini filled «his ship» with all personal gallery of characters, the prety and the ugly, the grotesc and the sublime, the rich and the poor, just to make them sink little before he did go to join them.
In the other ship, the one is taking us to unknown harbour, the officers ar too busy to notice the sound of the raving see. Some more experienced members of the crew start to be inquiet, but they are still waiting for further instructions. Most of the passengers are still asleep. The Captain did put off the alarm sirens. I ask myself: who was the villain that did dream this dark reallity, so less interesting than the master piece of Fellini? 


1 comment:

  1. ...o Capitão e a tripulação têm já destino...( na maior safadeza)numas empresas que o ESTADO contrata para as obras públicas, onde as derrapagens são tão grandes como gigantescos Tsunami, que desbasta todo o povo...!!!
    É um daqueles filmes que deixa antever o fim, mas não o revela!!

    Sir Frankie, vá-nos mostrando as filmagens que o Realizador anula do filme!!
    Parece que ele anda a trocar a volta à tripulação, para se desculpabilizar da catástrofe!!!

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Viseu, Beira Alta, Portugal
autor satírico, cartoonista pseudónimo de António Gil, Poeta e Ficcionista, Não sectário, Agnóstico, Adepto Feroz da LIberdade de Imprensa e de Opinião...

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