os ‘Razíadas’ por Luís de Cá , Mões (Beira Alta)

10 – Aqui os abutres seguem conduzindo

Pelo engano, o povo que ainda neles votava

Pondo na rapina as garras e os sentidos

Naquela Terra onde a mentira governava

Os odores pestíferos produzidos

Pela podridão que já deles exalava

E os escribas do regime – ou lacaios?

Glosando-os sempre como papagaios

11 - O povo faminto, desagasalhado

Já farto do desonesto tratamento

Mas inda sem se saber enganado

(Pois nada sabe de tanto fingimento)

Protesta sempre no lugar errado

Sem concluir, sequer por um momento

Que o inimigo, atroz e fidagal

Hoje ocupa o trono de Portugal

12 - Da Europa tornam os pulhas, c'o recado

Anunciando que já consigo trazem

O dinheiro que eles pedem emprestado

E enquanto eles sua festa fazem

Jaz o País, por juros sufocado

- Se deuses há, peço-lhes que arrazem

Os que o País puseram na agonia

E ao acto inda chamam democracia

13 - Venham os lisonjeadores de costume

Clamar em defesa dos canalhas

Venham eles, para avivar este lume

Com mais gasolina e mais acendalhas

-Alta lavra já a fogueira do azedume

Que há-de alumiar nossas batalhas

Para esturricar de vez estes crápulas

Que da Pátria não tiram as manápulas...