Andam por aí cinco porquinhos que não sabem que as suas casas estão prestes a ser derrubadas por uns tantos lobos maus. São cinco sim, pois a Portugal, Itália, Grécia e Espanha, junta-se a Irlanda, para estragar o arranjinho. Agora, os amantes de siglas maldosas terão de decidir de colocam o novo I no início, no fim, ou entre qualquer das três letras do meio. Mas não será decerto disso que me vou ocupar, hoje.
Vejamos caso a caso e comecemos pelo grego, que foi o primeiro porquinho a ver-se desabrigado por um daqueles sopros fabulosos dos mauzões da história. Como sempre acontece nestas circunstâncias, quando a palhota grega veio abaixo, os outros quatro porquinhos não se afligiram muito. Ah, disse-se: não tivesse construído uma casa tão frágil. E logo o porquinho português saiu a terreiro (estavam os quatro num chat, na net) dizendo: eu estou seguro, aqui, nesta casita de pau-a-pique. E eis que o Porquinho italiano logo acrescenta: se estás seguro numa casa de pau-a-pique, que direi eu na minha casita de barro cozido ao sol? Ah sim? exultou o porquinho espanhol- e então eu aqui, na minha casita de taipal? tem na mesma a estrutura de madeira, mais o barro, a prencher os espaços. O porquinho Irlandês nem se chegou a pronunciar pois, entretanto, já a sua casita de tijolo a sério, mas ligada com má argamassa, se desmoronava com grande fragor, enquanto os outros assim peroravam. E foi aí que os outros três pararam de teclar, mudos de terror, pois se até o porquinho irlandês, por todos apontados como o mais diligente dos porquinhos (parecia tão forte e esperto que até já havia quem o chamasse o tigre Celta) , estava agora exposto às intempéries e aos lobos, que seria deles? Começaram pois a tentar reforçar as suas casitas, com tudo o que tinham à mão. Um encostou toda a mobília à porta, outro colocou caibros a fazer de escoras, um terceiro, achando que a porta, feita de carvalho de Lei, aguentaria o embate, preocupou-se mais com o reforço das janelas, pregando-lhe barrotes com pregos caibrais.
Se tivessem falado com o porquinho grego e com o porquinho irlandês, não se dariam a tanto trabalho inútil porque aqueles dois já sabiam que, com aquele tipo de lobos maus, a única protecção possível teria sido construírem juntos uma casa comum, mesmo que com quartos separados, usando os talentos específicos de cada porquinho, pois o grego era bom a fazer projectos mas mau construtor, o português era bom nas fundações, mas falhava nas paredes, o espanhol sabia levantar paredes mas não amassava bem o cimento, o italiano sabia fazer as cofragens mas não sabia armar ferro, e o irlandês sabia fazer e tecer ferro mas não não tinha (como se viu) um projecto digno desse nome. Assim, arriscam-se a ver, um dia destes, um ou mais lobos a entrar-lhes pela casa dentro, nem que seja pela chaminé. E cada um estará, nessa altura, isolado e encurralado, sem qualquer possibilidade de fuga, pois se a casa não cai, torna-se uma armadilha ainda pior que uma casa já caída. Moral da história: nenhum porquinho se devia rir, quando vê o presunto de um porquinho alheio no fumeiro. Em vez disso, deve-se juntar a outros porquinhos para que não terminem todos feitos à bifana...
Gostei!... :D
ReplyDeleteSem dúvida, os porquinhos estão à mercê dos lobos insaciáveis e sôfregos, mas os restantes inquilinos da casa "comum" também não estão seguros. Vai um SCRABLE?...
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