Número de visitas da Blogosfrega

Thursday, March 31, 2011

A Família PIGS por Lilith Lovelace

Andam por aí cinco porquinhos que não sabem que as suas casas estão prestes a ser derrubadas por uns tantos lobos maus. São cinco sim, pois a Portugal, Itália, Grécia e Espanha, junta-se a Irlanda, para estragar o arranjinho. Agora, os amantes de siglas maldosas terão de decidir de colocam o novo I no início, no fim, ou entre qualquer das três letras do meio. Mas não será decerto disso que me vou ocupar, hoje. 
Vejamos caso a caso e comecemos pelo grego, que foi o primeiro porquinho a ver-se desabrigado por um daqueles sopros fabulosos dos mauzões da história. Como sempre acontece nestas circunstâncias, quando a palhota grega veio abaixo, os outros quatro porquinhos não se afligiram muito. Ah, disse-se: não tivesse construído uma casa tão frágil. E logo o porquinho português saiu a terreiro (estavam os quatro num chat, na net) dizendo: eu estou seguro, aqui, nesta casita de pau-a-pique. E eis que o Porquinho italiano logo acrescenta: se estás seguro numa casa de pau-a-pique, que direi eu na minha casita de barro cozido ao sol? Ah sim? exultou o porquinho espanhol- e então eu aqui, na minha casita de taipal? tem na mesma a estrutura de madeira, mais o barro, a prencher os espaços. O porquinho Irlandês nem se chegou a pronunciar pois, entretanto, já a sua casita de tijolo a sério, mas ligada com má argamassa, se desmoronava com grande fragor, enquanto os outros assim peroravam. E foi aí que os outros três pararam de teclar, mudos de terror, pois se até o porquinho irlandês, por todos apontados como o mais diligente dos porquinhos (parecia tão forte e esperto que até já havia quem o chamasse o tigre Celta) , estava agora exposto às intempéries e aos lobos, que seria deles? Começaram pois a tentar reforçar as suas casitas, com tudo o que tinham à mão. Um encostou toda a mobília à porta, outro colocou caibros a fazer de escoras, um terceiro, achando que a porta, feita de carvalho de Lei, aguentaria o embate, preocupou-se mais com o reforço das janelas, pregando-lhe barrotes com pregos caibrais. 
Se tivessem falado com o porquinho grego e com o porquinho irlandês, não se dariam a tanto trabalho inútil porque aqueles dois já sabiam que, com aquele tipo de lobos maus, a única protecção possível teria sido construírem juntos uma casa comum, mesmo que com quartos separados, usando os talentos específicos de cada porquinho, pois o grego era bom a fazer projectos mas mau construtor, o português era bom nas fundações, mas falhava nas paredes, o espanhol sabia levantar paredes mas não amassava bem o cimento, o italiano sabia fazer as cofragens mas não sabia armar ferro, e o irlandês sabia fazer e tecer ferro mas não não tinha (como se viu) um projecto digno desse nome. Assim, arriscam-se a ver, um dia destes, um ou mais lobos a entrar-lhes pela casa dentro, nem que seja pela chaminé. E cada um estará, nessa altura, isolado e encurralado, sem qualquer possibilidade de fuga, pois se a casa não cai, torna-se uma armadilha ainda pior que uma casa já caída. Moral da história: nenhum porquinho se devia rir, quando vê o presunto de um porquinho alheio no fumeiro. Em vez disso, deve-se juntar a outros porquinhos para que não terminem todos feitos à bifana... 

2 comments:

  1. Sem dúvida, os porquinhos estão à mercê dos lobos insaciáveis e sôfregos, mas os restantes inquilinos da casa "comum" também não estão seguros. Vai um SCRABLE?...

    ReplyDelete

Mensagens populares

Blogosfrega

Followers

Blog Archive

About Me

My photo
Viseu, Beira Alta, Portugal
autor satírico, cartoonista pseudónimo de António Gil, Poeta e Ficcionista, Não sectário, Agnóstico, Adepto Feroz da LIberdade de Imprensa e de Opinião...

Labels